domingo, 23 de junho de 2013


POESIA A ESSA HORA...?



A PENSÃO BEIRA-MAR

No meu chão interior
repisando a rua desarborizada
sinto a poeira levantada
por  ônibus apressados
na rua ...mais tarde,  Boulevard.
Nos temporais a ingenuidade brincava
nas poças  d’água.
Triste: não havia flamboyans
na rua Major Belegard.

De frente, a lagoa deslizava  zombeteira
- não era mar e nem beirava-
mas  a  pensão de meu pai
chamava-se  Beira-mar.

Agora,
as crianças, preocupadas,
enrugadas,
dispersaram-se por aí...
e na madrugada já não passam pelo beco
os indefectíveis
e notívagos bois.

Onde havia uma pensão, vê-se neons e fumês.
Persistem lá, no  muito longe,
risadas e meninos
de faces coradas,
e a única amendoeira
de onde  pardais,
displicentes,
faziam seu cocozinho
nos carros dos hóspedes.

JPC


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