À MARGEM DO RIO EUFRATES - CRÔNICAS
-03-
AINDA BAGDÁ – À ESPERA DE TRANSPORTE
Bagdá, trinta de agosto de 1979, 15:00 horas, 46 graus. Bem
alimentados e descansados estamos, todos
os trinta e dois homens, com as bagagens empilhadas no hall do hotel,
aguardando a condução que nos levará até Ramadi, principal cidade da Província
de Al Anbar, no Oeste do país.
Lá fica o escritório provisório da empresa, ponto de apoio para a construção
do Acampamento Central da grande obra. A obra, uma ferrovia com cerca de 600 quilômetros ,
sairá de Bagdá e após cruzar a Província de Anbar atravessará o imenso deserto seguindo
rumo a Al Caim e depois Akashaf, no
Oeste, fronteira com a Síria. Uma gigantesca estrada de ferro que custará cerca
de US$ 1,3 bilhão aos cofres do governo iraquiano.
A Mendes Jr. construiria também mais duas obras: a
rodovia –“expressway”- de Bagdá à Amã, capital da Jordânia, e mais o Projeto
Sifão, uma estação de bombeamento do Rio Euphrates, no centro da capital. A turma que segue comigo chega para edificar todo o acampamento central.
O Acampamento Central, fica
situado no Km 215 ou seja, a 215 Km de Bagdá, plantado, depois de uma curva, à
margem direita (montante) do Rio Eufrates. Este lendário rio nasce na Turquia, atravessa
a Síria e corta o país iraquiano, indo em direção ao Golfo Pérsico que os
árabes, compreensivelmente, insistem em chamá-lo de Golfo Arábico. O Rio Tigre segue quase paralelo ao Eufrates, seu velho
parceiro.
O Acampamento abrigará não só as
residências dos funcionários brasileiros como também as instalações de apoio, tais
como oficina central, escritórios, hospital e
demais setores que atenderão o lado funcional no desenvolvimento da obra, oferecendo todo o
apoio logístico. Esse grande acampamento contará com a estrutura necessária para
manutenção e fixação das famílias. Desse modo, o Km 215 tornar-se-ia uma pequena colônia brasileira devendo, no
pique da obra, acomodar cerca de 6.000 mil brasileiros; mas esse assunto será
objeto de futuras narrativas.
Agora, 16:00 h, chega o
micro-ônibus e lá vamos nós rumo ao deserto; rumo ao desconhecido.
E
Inshalá ! (Seja o que Alá
quiser!).
Obs.- Crônica escrita durante o percurso.
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