segunda-feira, 24 de junho de 2013




À MARGEM DO RIO EUFRATES - CRÔNICAS


-03-

AINDA BAGDÁ –  À ESPERA DE TRANSPORTE



Bagdá, trinta  de agosto de 1979, 15:00 horas, 46 graus. Bem alimentados e  descansados estamos, todos os trinta e dois homens, com as bagagens empilhadas no hall do hotel, aguardando a condução que nos levará até Ramadi, principal cidade da Província de Al Anbar, no Oeste do país.

Lá fica o escritório  provisório  da empresa, ponto de apoio para a construção do Acampamento Central da grande obra. A  obra, uma ferrovia com cerca de 600 quilômetros, sairá de Bagdá e após cruzar a Província de Anbar atravessará o imenso deserto seguindo  rumo a Al Caim e depois Akashaf, no Oeste, fronteira com a Síria. Uma gigantesca estrada de ferro que custará cerca de US$ 1,3 bilhão aos cofres do governo iraquiano.

A Mendes  Jr. construiria também mais duas obras: a rodovia –“expressway”- de Bagdá à Amã, capital da Jordânia, e mais o Projeto Sifão, uma estação de bombeamento do Rio Euphrates, no centro da capital.  A turma que segue comigo chega  para edificar todo o acampamento central.

O Acampamento Central, fica situado no Km 215 ou seja, a 215 Km de Bagdá, plantado, depois de uma curva, à margem direita (montante) do  Rio Eufrates.  Este lendário rio nasce na Turquia, atravessa a Síria e corta o país iraquiano, indo em direção ao Golfo Pérsico que os árabes, compreensivelmente, insistem em chamá-lo de Golfo Arábico. O Rio Tigre  segue quase paralelo ao Eufrates, seu velho parceiro.

O Acampamento abrigará não só as residências dos funcionários brasileiros como também as instalações de apoio, tais como oficina central, escritórios, hospital e demais setores que atenderão o lado funcional  no desenvolvimento da obra, oferecendo todo o apoio logístico. Esse grande acampamento contará com  a estrutura  necessária para manutenção e fixação das famílias. Desse modo, o Km 215  tornar-se-ia  uma pequena colônia brasileira devendo, no pique da obra, acomodar cerca de 6.000 mil brasileiros; mas esse assunto será objeto de futuras narrativas.                                                                 

Agora, 16:00 h, chega o micro-ônibus e lá vamos nós rumo ao deserto; rumo ao desconhecido.

Inshalá ! (Seja o que Alá quiser!).


 Obs.- Crônica escrita durante o percurso.



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