DO MORRO DA GUIA...
22 - VILLA DE LAS CUEVAS
Após o almoço, ocorreu
um pequeno entrevero entre o tenente Mario e o oficial da Gendarmeria. É que
estávamos na frente da Delegacia apreciando um grupo de excursionistas a
caminho de uma pista de esqui, quando fomos chamados pelo oficial e rumamos até
a Gendarmeria. O oficial nos pediu os passaportes. Explicamos então que os
mesmos já haviam sido regularizados no dia anterior e, naquele momento, estavam em poder do Tenente, na Delegacia. O
homem, furioso, insistiu e enviou um de seus soldados, conosco, para buscar os
documentos. Chegando lá, o Tenente negou entregá-los pois, afinal, o outro cometia
uma ingerência. Armada a confusão. Briga de cachorro grande que depois de longa
discussão, chegaram a um acordo.
Na parte da tarde surgiu uma caravana de patrícios
brasileiros. Oficiais do exército retornando à
Mendoza. Tentamos uma carona mas como os veículos estavam lotados não
havia condição. Nem condução. Como a
nossa caixinha estava no vermelho vendemos uma das blusas de caxemira (o prêmio
da TV). O Carlão vendeu um pequeno anel. Planejávamos a volta mas o Tenente que agora era mais que um
simples anfitrião, pediu que ficássemos mais um pouco. Aceitamos pois sabíamos
que, na verdade, naquele fim de mundo o que ele sentia era uma baita solidão.
Eram 18:00h quando, pelo possante rádio da Delegacia, o
sargento sintonizou o Brasil: o antigo “Repórter
Esso”, que na voz de Heron Domingues, anunciava: “Rio, tempo bom, temperatura 35º. Durante o dia e metade da tarde, as
praias estiveram lotadas...” Que saudade! Aqui em Las Cuevas “só” esta em 10 graus. Negativos! Depois do
jantar, aceitando um convite fomos à casa do Chefe dos Correios; voltamos à meia-noite, cansados de contar anedotas, cantar e batucar. Compareceu também o bom viño mendocino.
Até aqui, Chile, totalizamos 35 dias sendo que, 24 destes
estávamos hospedados ou não, em cidades. Exemplos: Curitiba, Assunción, Buenos
Ayres, Mendoza e agora, Las Cuevas.
Significa dizer que de Cabo Frio ao Chile (4.984 Km) ficamos, literalmente
na estrada, por 11
dias. Boa marca para qualquer mochileiro. Amanhã, o retorno.
Dormimos bem, ao lado do aquecimento central. Fizemos o
desjejum com chimarrão e pegamos as mochilas. Para os lados da Argentina havia
diminuído a nevasca e as estradas para Mendoza iam sendo desobstruídas por
tratores especiais. Enquanto esperávamos carona fomos nos despedir daquele cenário
magnífico. Algumas fotos com a máquina do Chefe dos Correios, abraços e troca
de presentes. O Ten. Mário deu-nos um livro de aventuras.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário