quarta-feira, 5 de junho de 2013

DO MORRO DA GUIA...

22 - VILLA DE LAS CUEVAS

 Após o almoço, ocorreu um pequeno entrevero entre o tenente Mario e o oficial da Gendarmeria. É que estávamos na frente da Delegacia apreciando um grupo de excursionistas a caminho de uma pista de esqui, quando fomos chamados pelo oficial e rumamos até a Gendarmeria. O oficial nos pediu os passaportes. Explicamos então que os mesmos já haviam sido regularizados no dia anterior e, naquele momento,  estavam em poder do Tenente, na Delegacia. O homem, furioso, insistiu e enviou um de seus soldados, conosco, para buscar os documentos. Chegando lá, o Tenente negou entregá-los pois, afinal, o outro cometia uma ingerência. Armada a confusão. Briga de cachorro grande que depois de longa discussão,  chegaram a um acordo.

Na parte da tarde surgiu uma caravana de patrícios brasileiros. Oficiais do exército retornando à  Mendoza. Tentamos uma carona mas como os veículos estavam lotados não havia condição. Nem  condução. Como a nossa caixinha estava no vermelho vendemos uma das blusas de caxemira (o prêmio da TV). O Carlão vendeu um pequeno anel. Planejávamos a volta  mas o Tenente que agora era mais que um simples anfitrião, pediu que ficássemos mais um pouco. Aceitamos pois sabíamos que, na verdade, naquele fim de mundo o que ele sentia era uma baita solidão.

Eram 18:00h quando, pelo possante rádio da Delegacia, o sargento sintonizou o Brasil:  o antigo “Repórter Esso”, que na voz de Heron Domingues, anunciava: “Rio, tempo bom, temperatura 35º. Durante o dia e metade da tarde, as praias estiveram lotadas...” Que saudade! Aqui em Las Cuevas  “só” esta em 10 graus. Negativos! Depois do jantar, aceitando um convite fomos à casa do Chefe dos Correios; voltamos  à meia-noite, cansados de contar anedotas,   cantar e batucar. Compareceu também o bom viño mendocino.

Até aqui, Chile, totalizamos 35 dias sendo que, 24 destes estávamos hospedados ou não, em cidades. Exemplos: Curitiba, Assunción, Buenos Ayres, Mendoza e agora, Las Cuevas.  Significa dizer que de Cabo Frio ao Chile (4.984 Km) ficamos,  literalmente    na estrada,  por  11 dias. Boa marca para qualquer mochileiro. Amanhã, o retorno.

Dormimos bem, ao lado do aquecimento central. Fizemos o desjejum com chimarrão e pegamos as mochilas. Para os lados da Argentina havia diminuído a nevasca e as estradas para Mendoza iam sendo desobstruídas por tratores especiais. Enquanto esperávamos carona fomos nos despedir daquele cenário magnífico. Algumas fotos com a máquina do Chefe dos Correios, abraços e troca de presentes. O Ten. Mário deu-nos um livro de aventuras.


                                                                           Continua...



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