sábado, 1 de junho de 2013


DO MORRO DA GUIA...

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ASSUNCION. Cidade bonita, limpa, casas luxuosas, embora um pouco sem sal. Não sendo colonial, mostra arquitetura meio indefinida. O povo é trabalhador mas observamos viver de cabeça baixa. Oprimido? Não deu para descobrir e nem era o objetivo. Nas ruas, éramos olhados de maneira estranha e até assustadora. Seria pelas barbas ou cabelos compridos? Pode ser que sim.  Nesse mesmo dia, pela manhã, chegaram e ficaram hospedados mais dois andarilhos. Robert, norte-americano e Itapuy, brasileiro. Juntamo-nos e saímos passeando pela cidade, alheios aos olhares curiosos e assovios provocativos. À tarde, seguindo conselho de um dos dirigentes da ACJ procuramos o cônsul brasileiro. O homem era carioca e ainda conservava o espírito da terrinha. O Consulado não poderia nos conseguir qualquer atividade e por isso, ofertou de seu próprio bolso uma nota de 500 guaranis.  Com  a auto estima elevada nos dirigimos ao endereço do Embaixador, quem sabe... Resultado: mais 500 guaranis.  Depois do almoço num pequeno restaurante, regado a vinho barato  visitamos uma menina –muito interessante, por sinal- que conhecêramos casualmente na rua. Permanecemos em sua casa até o anoitecer ouvindo-a tocar harpa. Além de clássicos tocou a nosso pedido um par de  guarânias,  a música típica de sua terra.
Era Domingo, 29/09. A ACJ não abria e por isso ficamos zanzando nas ruas. Nós cinco. Descobrimos que grana demais atrapalha...! Surgiu uma pequena dúvida: Não sabíamos se economizávamos ou gastávamos o dinheiro numa boa farra...Ora, ora!
Na hora do almoço (força de expressão pois não tínhamos horário certo pra nada) saímos para comprar frutas,  alguns legumes e pão. Já perto de um mercado avistamos, numa calçada, uma senhora cozinhando algo. Nos aproximamos: arroz, carne,  macarrão e pão, servidos tipo PF. Em volta do panelão, muita gente. Preço: 20 guaranis. Nem confabulamos, sentamo-nos todos na calçada.  Era um ambiente deveras democrático: bêbados virados da noite, estudantes, desocupados, caipiras e agora nós, andarilhos. O Robert comprou duas garrafas de vinho –padrão razoável- copos plásticos e fizemos a roda. Cada um com o seu prato e a garrafa circulando de mão em mão.  E lembrar que dias antes almoçáramos em Cassino de Oficiais e em hotéis de razoável categoria.  Após o lauto almoço-de-cinco-talheres, como nada havia para fazer, continuamos o passeio pela cidade. De todos os lados, assovios. Os ônibus reduziam a marcha  ou paravam para nos olhar  e as pessoas, das janelas, diziam coisas ininteligíveis (em Guarani). Então combinamos: Quando os ônibus reduzissem a velocidade, subiríamos  para... passear. Que susto a pobre gente levava! Dentro do carro aquele silêncio de velório, as pessoas sussurrando e olhando para o teto... Algumas quadras diante  perguntávamos sobre qualquer  rua ao  motorista... que desconhecendo, parava o carro e nós  descíamos. Simples. Desse jeito –irônico- conhecemos grande parte da cidade.

                                                                                   Continua...


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