À MARGEM DO RIO EUFRATES - CRÔNICAS
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MOSUL
Durante o tempo em que moramos no
Iraque, viajamos duas vezes à região curda. O primeiro dos passeios foi a Mosul
junto com outras famílias, quando utilizamos um ônibus da empresa. Era Outono e
não estava demasiado frio, só o suficiente para usar roupas de média estação.
A
cidade de Mosul, no Norte do país quase fronteira com a Turquia, localiza-se numa região montanhosa de altitude próxima a 2.000 m , podendo atingir até 12 graus negativos
nos meses de inverno (dezembro a fevereiro). Lá vivem os Curdos que há tempos
lutam por sua emancipação.
Muitas das habitações são encravadas nas rochas e é comum
utilizarem cavernas como moradia,
devidamente adaptadas e mobiliadas.
Depois de cruzar o Rio Eufrates e
avançar pelo deserto seguimos rumo às montanhas. Ao longo da viagem passamos
por Tik-Rit, terra de Sadan Hussein, cruzamos o segundo rio, o
Tigre, e fomos atravessando pequenas aldeias com suas cavernas-casas encravadas
nas pedras, dotadas
de portas e janelas. Tudo muito exótico, a começar pelos trajes: as mulheres,
em vez de abahias usavam roupas coloridas, remetendo às conhecidas ciganas; os homens com calças largas, fundilhos
baixos, tipo bombachas de nossos gaúchos.
Aqui e ali podia-se avistar uma mulher
de burka.
Chegando em Mosul jà noite alta
fomos procurar um hotel. Encontramos algo bem simples no centro da cidade.
Lotado. A solução, por gentileza da gerência, foi nos acomodar num
grande salão com colchonetes, padrão de hospedagem tão comum em nossa terra, nos
aluguéis por temporada para grupos de excursão.
No jantar foram servidos, como
única opção, frango assado e o conhecido pão árabe (apelidado pela obra como orelha de elefante) consumidos com as mãos; nada de talheres! Apesar das
reclamações salvaram-se todos. Uma experiência a mais.
Durante o retorno, próximo ao rio Tigre e ainda na região de Mosul, visitamos Nimrud, antiga capital do
Império de Assíria. Nimrud fora descrita como a cidade bíblica de nome Calahon
Kalakh no 9º século a.C. no reino do Rei Ashumasipae II. O seu palácio é decorado com uma coleção
fabulosa de obras religiosas e reza a
lenda que no túmulo da Rainha Sari foram
encontradas centenas de joias de ouro e pedras preciosas. Todas as inscrições
nos paredões do palácio são em escrita cuneiforme. As altas muralhas que
circundam a cidade têm cerca de 8 km de extensão.
Adentra-se ao palácio por duas
entradas, entre touros com cabeças humanas ou leões com asas de falcão. Tais
esculturas, magníficas, eram consideradas como guardas da cidade.
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Abahia - Roupa preta,
feminina, comprida até os pés.
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