sexta-feira, 14 de junho de 2013


DO MORRO DA GUIA...

32 – AGORA, CABO FRIO

Como sempre, a separação tipo “dois pra lá e um pra cá” foi 
resolvida no jogo de porrinha. O Lauro foi à outra empresa de transporte, enquanto nós, Carlos e eu, aguardaríamos o próximo caminhão. Dormimos no galpão da firma e o nosso jantar foi queijo que ganhamos do Sr. Darcy, o gerente, acompanhado de pão e o indefectível vinho.  Às 7 da manhã estávamos de pé e prontos para recomeçar a batalha por carona. Tomando café com os funcionários da empresa fomos surpreendidos com a boa notícia trazida pelo gerente: conseguira um caminhão até São Paulo.  
Era início de noite quando findou o carregamento e nós subimos à boleia. Era um caminhão conhecido como cegonha transportando tratores agrícolas fabricados em Caxias do Sul.  Rodamos pouco mais de vinte   quilômetros e o motorista –Zezão- resolveu dar uma parada para visitar umas “primas”. Era um belo de um prostíbulo no qual o Zezão era muito querido pelas meninas. Muitos casos, risos, e cervejas depois, notamos que o nosso motorista, como dizem os argentinos, estava “meo mamado”. Deu algum trabalho mas conseguimos persuadi-lo a parar o caminhão em local seguro, e tratamos de dormir. Uma fuguraça, o Zezão.

Antes de clarear o dia, estávamos no asfalto, tendo rodado até próximo do meio-dia, quando paramos para o almoço. O pouco dinheiro que trazíamos acabara no bordel com cervejas e petiscos.  Portanto, o almoço resumiu-se a salaminho, pão e vinho –de garrafão, é claro- que o Zezão trazia consigo.  O caminhão com velocidade moderada por causa da carga, chegou em São Paulo à notinha. Ali mesmo, no posto de gasolina conseguimos uma outra carona até o Rio, avalizada pelo Zezão. Praticamente saltamos de um caminhão para outro. Despedidas rápidas pois o novo motorista estava apressado. Nós também. 

Mais ou menos às 2 da tarde chegávamos na Avenida Brasil. Dali à Praça XV o condutor do ônibus nos levou na base da cortesia, mandando que pulássemos a catraca. Nas barcas, na fila dos carros, saímos à procura de placas de Cabo Frio. Conseguimos um de São Pedro de Aldeia. Viemos nos informando das novidades e curtindo o cheiro de sal, de peixe, de maresia, enfim. Esse fusca nos deixou no trevo de acesso a Cabo Frio.

Dali, viemos num Aero Willis, novo em folha, até a Praça Porto Rocha. Eram quase seis da tarde. Mais um pouco e os sinos da Matriz católica tocariam celebrando a Ave Maria. No ar, clima de festa: meios fios sendo pintados e barraquinhas sendo instaladas. Fomos direto à casa do Lauro que, por sorte, lá estava. Havia chegado uns dois dias antes. Abraçamo-nos efusivamente, pulamos e dançamos uma dança que só nós conhecemos, enfim, uma festa particular às vésperas da grande festa da cidade.
Serenados os ânimos fomos, de sungas de banho, ao canto da Praia do Forte para um mergulho nas pedras do Arpoador.



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