DO MORRO DA GUIA...
23 - O RETORNO
Surgiu um automóvel que daria carona só para uma pessoa. O
Lauro ganhou no par ou ímpar e seguiu viagem. Dividimos a pouca grana e
combinamos local de encontro em Mendoza. 30 minutos depois veio outro carro com o
mesmo problema: só uma carona. Venci a disputa. No trajeto, ultrapassamos o
carro em que o Lauro viajava e nos acenamos. Em uma parada para descanso,
enquanto o casal fazia a siesta e
roncava, atualizei as anotações.
Viagem tranquila. O casal deixou-me à porta da Residência Estudantil
como havíamos combinado. A mochila do Lauro lá estava.
Faltava chegar o Carlos. Resolvemos
sair para visitar uma bodega (fábrica de vinho) ali perto. A Bodega
de nome Arízio dá-se o ao luxo de ter 12 hectares de área de fábrica,
sem contar o espaço subterrâneo, com
ruas enormes, sinalizadas, no subsolo.
Depois de 2 horas percorrendo as instalações, provamos vários tipos de vinho. Na
volta esnobamos um taxi (!). (andarilho
quando pega taxi, das duas uma: está deprimido ou muito feliz). Estávamos na
segunda opção.
O Carlão já nos esperava e se lastimou por ter perdido a
degustação dos vinhos. Na cantina do
Club Universitário consegui uns sanduiches de bife à milanesa com nossos amigos
cozinheiros (Lembrei do Telmo Mesquita, o Barão: em casa estranha faça amizade com a cozinheira...).
Depois
disso, armamos uma roda de samba. Do nada, surgiu uma estudante e nos convidou
para uma festa, aceita sem pestanejar, e que terminou às 2 da manhã. “Até amanhã, se Deus
quizer...se não chover, eu volto...”, cantávamos pelas calçadas de Mendoza, a
linda capital do vinho. Era o nosso adeus à magnífica Cordilheira dos
Andes. Horas depois, saíamos em direção
à Córdoba, terra do nosso amigo Estevan Vallor.
Pegamos a Ruta 7, rumo a San Luís,
voltando por outro roteiro, mais ao Norte. Às 14:00h descansávamos sentados num restaurante de
beira de estrada à espera de um assado. Da cozinha vinha um cheirinho provocativo. Até
aquele lugarejo fizéramos apenas 60 km. Ontem, sábado, enfiados nos
sacos de dormir, pernoitamos num anexo do restaurante que estava em
obras e o gerente não cobrou pelo churrasco, depois de demostrarmos a nossa
música. Pagamos só o vinho. Nem o café da manhã o cara do restaurante não nos cobrou. Mais um
“louco manso” que encontramos.
Pegamos
pequenas caronas até chegar a um grande posto de gasolina. Almoçamos “mondongos”
(dobradinha) e prosseguimos. À tarde, um Buick caindo aos pedaços nos levou até
Villa Mercedes; se não fossem os pneus carecas ele afirmava nos levar até a
fronteira com o Brasil. Desconfiamos que levasse contrabando ou, no mínimo, sem
documentos... Não podia avistar um policial; surgia um policial e ele dobrava
a esquina. Ao pedir que nos deixasse próximo a uma Delegacia, respondeu que
“... em frente, não... na outra quadra”. Um bom papo, divertidíssimo.
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