À MARGEM DO RIO EUFRATES - CRÔNICAS
-06-
A CORDIALIDADE IRAQUIANA
Vez ou outra, nos fins de semana, saíamos do
Acampamento, caminhando pelos arredores, observando os povoados vizinhos. Atravessando o Eufrates por uma ponte rústica antiquíssima, alcançava-se uma pequena aldeia. Ali podíamos ver casas feitas
de barro assemelhando-se às nossas casas caipiras, de pau-a-pique. No quintal crianças sorridentes, cabritos e galinhas.
Certa tarde, voltando da caminhada, adentramos um povoado e para nossa surpresa fomos,
eu e família, gentilmente convidados por um morador a entrar em sua casa. E foi o que fizemos: Sentamo-nos em almofadas
no tapete da sala e ancorados na mímica
e troca de sorrisos, fomos servidos de maia e chai. Ficamos um longo e
agradável tempo conversando:
-
“Ana brasili mas esta filha aqui
tem nome árabe: Samira”.
- “Samira? Samira?!” Admirados, a conversa destravou e seguiu animada com os
recursos possíveis: aqui uma palavra em inglês, ali outra em português
e mais adiante uma em árabe; e
assim, entre silêncios e sorrisos, as emoções eram transmitidas, com base na
mímica, deduções, olhares e tom de voz.
Lá fora, no quintal, as crianças
ignorando diferenças étnicas e
idiomáticas se divertiam correndo
atrás de cabras e galinhas.
Antes das despedidas a dona da casa ainda trouxe uma bandeja com
coalhada de leite de cabra, pão, tâmaras e ...mais chá. O chá equivale ao nosso cafezinho oferecido às visitas.
Uma casa humilde. Uma família cordial. Uma tarde para não esquecer.
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Maia : Água
Chai : Chá
Ana brasili: “Sou brasileiro”.
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