À MARGEM DO RIO EUFRATES - CRÔNICAS
-05-
KM 215 – ACAMPAMENTO CENTRAL
Inicialmente a obra teve três
grandes acampamentos: Km 30 (a trinta km de Bagdá). Km 215 (Acampamento
Central) e o Km 350 (ponto mais avançado na ocasião). O Km 215 era o principal:
localizado de modo privilegiado, numa linda curva à margem direita do Rio Eufrates (Foto)
contava com excelente estrutura:
Residências, Escritórios de Administração, Supermercado, Hospital, Clubes (2),
Hotel, Central de TV (circuito interno), Corpo de Bombeiros, Colégio, Estação de Tratamento de Água e outros.
As residências eram formadas por contêineres –importados de Houston, Texas- acoplados
e podiam ter 1, 2 ou 3 dormitórios, de
acordo com a família do funcionário. Eram dotadas de todo o mobiliário: do aparelho
de ar-condicionado ao abridor de garrafas, e distribuídas somente aos casados.
Os solteiros ficavam em alojamentos também providos de regular conforto ou dependendo
do cargo e/ou graduação ficavam hospedados no hotel do Acampamento.
O Supermercado era razoavelmente bem abastecido podendo-se encontrar
desde feijão preto até aguardente; também vinhos franceses e carne da Austrália;
verduras e legumes, alguns da própria
horta cultivada à beira do rio. As
compras eram pagas através carnês –tíquetes- havendo limites de acordo com o
cargo do funcionário.
Do salário, recebíamos cerca de
25%; o restante vinha para o Brasil e creditados em contas-correntes bancárias. Esses 25% eram
suficientes para a alimentação, pequenas compras no comércio local e algum gasto extra.
Referente à área de saúde havia um hospital, com dois
médicos, e enfermagem; exames clínicos, laboratoriais, RX, exames odontológicos e
até internações. Somente casos graves ou cirúrgicos eram enviados
à capital ou, em situações extremas, enviados ao Brasil. Nas frentes de
serviços -pontos avançados acompanhando
a obra- haviam Postos Médicos.
Quanto à educação, a cargo do Colégio Pitágoras, de BH, só elogios; com excelentes professores oriundos
de Minas Gerais foi considerado o ponto
forte do Acampamento Central, tornando-se referência e centro das atividades da
criançada. Funcionava em tempo integral, participando das diversas campanhas
promovidas, como prevenção de acidentes no trabalho, em incêndio e no trânsito.
Para exemplificar o grau de
excelência: Se fosse preciso punir, disciplinarmente, algum filho o castigo era
“não ir a escola no dia seguinte...”
Para o lazer tínhamos dois clubes com piscinas,
quadras poli-esportivas, campo de futebol, cinema, etc., com frequentes
atividades esportivas, torneios de natação e outros. As festas de Natal e Ano Novo eram comemoradas naturalmente e até
no Carnaval os Clubes promoviam bailes e alguns blocos ousavam desfilar pelo interior da vila, sem
nenhuma restrição ou qualquer tipo de censura. O Acampamento Central era o nosso
Brasil.
Vista parcial do Acampamento Central
BLOCO DE CARNAVAL NO ACAMPAMENTO
(O de camisa do Flamengo -tocando bumbo- sou eu).
PROGRAMA NA TV, SOBRE SEGURANÇA DO
TRABALHO
Vista parcial do Acampamento Central
BLOCO DE CARNAVAL NO ACAMPAMENTO
(O de camisa do Flamengo -tocando bumbo- sou eu).
PROGRAMA NA TV, SOBRE SEGURANÇA DO
TRABALHO
Tínhamos também uma Central de
TV, com Circuito Interno, programação
própria com noticiário sobre a obra, eventos, notícias do Brasil, e até novelas
da GLOBO, além de filmes e principais programas vindos do Brasil, como Copa do
Mundo, Campeonatos de Futebol e Carnaval. Às sextas-feiras (domingos) um Padre,
residente em Bagdá, vinha ao Acampamento rezar missa, assim como um Pastor Evangélico –contratado
pela empresa- comparecia para realizar suas pregações.
Também às sextas-feiras tive a
grata experiência de apresentar um programa de TV, cujo tema era Prevenção de
Acidentes, onde mostrava as diversas
frentes de trabalho e suas peculiaridades relativas à Segurança do Trabalho.
Funcionários de nível superior ou
com cargos diferenciados usavam carros
da empresa, na maioria FIATs brasileiros
e era possível, nas folgas, viajar pelo país sem nenhum problema: os brasileiros
eram muito queridos e além do mais a
gasolina era baratíssima, quase de graça.
Muitos de nós, durante períodos
de férias e no retorno definitivo, viajamos a países europeus e do Oriente Médio.
A oportunidade de conhecermos outros países foi o motivo determinante
na decisão de irmos trabalhar no Iraque.
Continua...
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