domingo, 9 de junho de 2013

DO MORRO DA GUIA...
25 - NOSSO SAMBA EM CÓRDOBA
Pela manhã é que vimos quão bonito e quieto era o local onde armamos a barraca: um pequeno pomar  à margem de um riacho murmurante. Lembrava paisagem impressionista.  Relva bem verde e o rio com pequenas cascatas tendo como fundo árvores frondosas.  À mais ou menos cem metros, via-se um templo Iogue onde ele fazia suas meditações. (...a cara do  Estevan).  À tardinha, procurando  contato com gente de televisão e boates, conseguimos agendar para o dia seguinte, uma entrevista  no Canal 9. 
Era noite quando retornamos à casa, ou melhor, à barraca.  Nessa noite tive um sonho –a cores- bastante emblemático: estava sentado na relva, frente à barraca e soltando pipas. Na ponta da linha, em vez de pipa, um automóvel conversível, capota arriada, com o Carlão e o Lauro chamando-me para acompanhá-los: “Vem Jurandyr, vem logo...”

Por problemas de trânsito chegamos atrasados para a entrevista na TV. Uma pena. Para compensar, à  tarde,  dois senhores proprietários de boate, vieram nos conhecer e assistir a uma apresentação de samba. Fomos aprovados. Receberíamos 9.000 pesos para atuar na sexta-feira e no sábado. (Para quem havia chegado duro na cidade...) Tudo acertado, fomos ver a boate EL BUHO (a coruja) onde nos apresentaríamos. 6ª Feira. Dia calmo, com lavagem  de roupas e preparação das camisas estampadas. As mesmas.... 

Às 21:00h, um belo automóvel buzinou em frente à casa. Viera nos buscar. Lá chegando, fomos convidados para jantar. Após o jantar ensaiamos mais um pouco. O Lauro inaugurava o novo couro do tamborim que se não era de gato  também não chegava a búfalo. O samba começava a esquentar quando chegaram as esposas dos donos da boate, acompanhadas de  meninas –lindas-  que iriam desfilar. Mulher e samba dá uma mistura demoníaca; não sabíamos se treinava ou “filmava” para as garotas. Mas correu tudo bem e agradamos no ensaio. Tudo isso regado a vinho branco. Depois veio cerveja. Depois veio uísque, depois... bem, aí chegou a hora de entrar em ação; antes eu dera uma espiada pela fresta da cortina: mulheres  hiper maquiadas. Nas mesas um folder  anunciava “Los Imperadores del   Samba”. Ora, ora...

Apagaram-se as luzes. Dez segundos de adrenalina e na escuridão ouviu-se uma batida de bumbo. Entramos com convicção e na pista acenderam-se os focos. Cantamos, sapateamos e nos requebramos. Vieram demoradas palmas e gritos de aprovação. Após quatro ou cinco músicas provocamos o intervalo senão o repertório logo se esgotaria. Tempo para o desfile.  E outra vez, lá fomos nós. Cantaríamos, se fosse o caso, durante toda a noite; pura curtição.
 No segundo ato, a primeira música pedida foi  “Você pensa que cachaça é água...?” que lá ainda fazia sucesso. Após várias e antigas músicas de carnaval, apelamos para a indefectível “Ogum Nhê”. Aplausos e mais aplausos quase beirando a histeria.

                                                                           Continua...



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