DO MORRO DA GUIA...
25 - NOSSO SAMBA EM CÓRDOBA
Pela manhã é que vimos quão bonito e
quieto era o local onde armamos a barraca: um pequeno pomar à margem de um riacho murmurante. Lembrava
paisagem impressionista. Relva bem verde
e o rio com pequenas cascatas tendo como fundo árvores frondosas. À mais ou menos cem metros, via-se um templo
Iogue onde ele fazia suas meditações. (...a cara do Estevan).
À tardinha, procurando contato
com gente de televisão e boates, conseguimos agendar para o dia seguinte, uma
entrevista no Canal 9.
Era noite quando
retornamos à casa, ou melhor, à barraca. Nessa noite tive um sonho –a cores- bastante
emblemático: estava sentado na relva, frente à barraca e soltando pipas. Na
ponta da linha, em vez de pipa, um automóvel conversível, capota arriada, com o
Carlão e o Lauro chamando-me para acompanhá-los: “Vem Jurandyr, vem logo...”
Por problemas de trânsito chegamos atrasados para a
entrevista na TV. Uma pena. Para compensar, à
tarde, dois senhores
proprietários de boate, vieram nos conhecer e assistir a uma apresentação de
samba. Fomos aprovados. Receberíamos 9.000 pesos para atuar na sexta-feira e no
sábado. (Para quem havia chegado duro na cidade...) Tudo acertado, fomos ver a
boate EL BUHO (a coruja) onde nos apresentaríamos. 6ª Feira. Dia calmo, com
lavagem de roupas e preparação das
camisas estampadas. As mesmas....
Às 21:00h, um belo automóvel buzinou em
frente à casa. Viera nos buscar. Lá chegando, fomos convidados para jantar.
Após o jantar ensaiamos mais um pouco. O Lauro inaugurava o novo couro do
tamborim que se não era de gato também
não chegava a búfalo. O samba começava a esquentar quando chegaram as esposas
dos donos da boate, acompanhadas de meninas –lindas- que iriam desfilar. Mulher e samba dá uma
mistura demoníaca; não sabíamos se treinava ou “filmava” para as garotas. Mas
correu tudo bem e agradamos no ensaio. Tudo isso regado a vinho branco. Depois
veio cerveja. Depois veio uísque, depois... bem, aí chegou a hora de entrar em
ação; antes eu dera uma espiada pela fresta da cortina: mulheres hiper maquiadas. Nas mesas um folder anunciava “Los Imperadores del Samba”. Ora, ora...
Apagaram-se as luzes. Dez segundos de adrenalina e na
escuridão ouviu-se uma batida de bumbo. Entramos com convicção e na pista
acenderam-se os focos. Cantamos, sapateamos e nos requebramos. Vieram demoradas
palmas e gritos de aprovação. Após quatro ou cinco músicas provocamos o
intervalo senão o repertório logo se esgotaria. Tempo para o desfile. E outra vez, lá fomos nós. Cantaríamos, se
fosse o caso, durante toda a noite; pura curtição.
No segundo ato, a primeira
música pedida foi “Você pensa que
cachaça é água...?” que lá ainda fazia sucesso. Após várias e antigas músicas de carnaval, apelamos
para a indefectível “Ogum Nhê”. Aplausos e mais aplausos quase beirando a
histeria.
Continua...
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