sábado, 1 de junho de 2013

DO MORRO DA GUIA...

11 – AINDA ASSUNCION

De outra feita aconteceu uma cena interessante e para entendê-la é preciso que falemos um pouco do personagem principal: Robert. O americano Bob tinha cerca de 1,90m de altura por 2,00m de circunferência. A barba ruiva chegava-lhe ao peito e usava o cabelo tipo rabo-de-cavalo. Altivo e pacifista. Fugira do chamado compulsório para a guerra do Vietnã e sua família, abastada, enviava-lhe dinheiro quinzenalmente. Há um ano  e meio viajava pelo mundo. Uma figuraça. Vamos à cena: Estando diante uma vitrine, não sei vendo o quê e nem o porquê, juntou uma pequena multidão ao nosso redor. Olhares e comentários sussurrados, até aí tudo bem. Mas havia um senhorzinho, bigodinho pintado, mirando  o Bob e rindo às gargalhadas. Então, o nosso amigo tocou com o dedo em seu ombro e perguntou com o seu jeito educado:
- Por favor, señor... cuantos años tiene Usted?
- 49 años...  responde o homem com um largo sorriso.
- Oh! Muy estúpido para su edad...   Disse o Bob com ar penalizado.

Dia seguinte: Pela manhã encontramos um brasileiro, empresário. Falou uma meia-hora sobre ele próprio e seu sucesso no comércio. Prometeu vários tipos de suporte para nós, embora tivéssemos deixado claro que, naquele momento, o que queríamos era uma carona até Buenos Ayres. Sabíamos que havia uma empresa de transporte fluvial que levava madeira para a Argentina pelo rio Pilcomayo. OK. Combinou local e hora para o encontro, pois iria resolver a questão. Mesmo desconfiados com o tipo, chegamos ao lugar combinado, às 10 horas. Você apareceu? Nem ele.
Saiu a reportagem no jornal ABC Color com a manchete UM RAID A DEDO (de carona), trazendo uma  foto nossa. Nessa noite conhecemos uma jovem com jeitão carioca. Espontânea e amável; fomos à sua casa e lá ficamos um longo tempo, tomando chá com torradas (...também tomávamos chá!) e ouvindo músicas brasileiras, matando a saudade.  Dia seguinte, partiríamos rumo a Argentina.
Despedimo-nos do grande –literalmente- Bob que iria para a Bolívia. O Itapuy seguiria conosco um pouco mais.  Saímos às 10 horas do centro de Assuncion. Às 11h estávamos diante do rio Pilcomayo que divide o Paraguai da Argentina.  Depois de uma boa conversa com o piloto da barca, logramos a cortesia da travessia.

                                                                                                                      Continua...


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