domingo, 9 de junho de 2013

DO MORRO DA GUIA...
24 - NO CAMINHO DE CÓRDOBA
Ruta 8. Logo no princípio da rodovia, fim da zona urbana da cidade, dois rapazes numa camionete nos deram carona. O único fato interessante neste percurso foi que um guarda rodoviário correu em nossa direção para... pedir-me um autógrafo e ficou decepcionado; confundira-me com Kafrune, cantor argentino que, como eu, usava barba. Esse cantor também fazia, nessa época,  um giro pelo país.
Descemos da camionete às portas da cidade de Rio Quarto, zona rural, enfrentando uma poeira terrível. Estávamos famintos e por este justo motivo Carlão e eu pulamos uma cancela e caminhamos entre bois e vacas. Iríamos pedir, ou comprar, leite numa pequena casa de um  sítio.  E mais um vez tivemos prova da boa acolhida com que o povo humilde nos recebia. Aos chegarmos à casa logo recebemos nas mãos uma cuia de chimarrão. Conversa vai, conversa vem, nos convidaram a adentrar a casa e  de repente  nos vimos inseridos num animado bate papo. O mesmo tipo de conversa brasileira: reclamações do custo de vida, da política, da inflação. Havia um senhorzinho simpático, olhos miúdos e azuis; falava devagar, sem tirar a ponta do cigarro do canto da boca e quando eu queria opinar algo ele simplesmente me ignorava e prosseguia na dele. (Para que  ouvir a minha opinião... um recém nascido...?) 
 Na saída, ganhamos um cantil com leite e um queijo caseiro. Sentados à beira do asfalto fizemos o nosso lanche.  Mais uma carona e muita poeira chegamos ao centro da cidade, onde concluímos que a solução seria pegar um trem até Córdoba. Como ainda tínhamos um pouco de grana, compramos as passagens. Enquanto comíamos o queijo caseiro, assistíamos à grande baderna que um grupo de rapazes aprontava. Haviam sido convocados para servir ao exército.
22/10, onze horas da noite. Chegamos à Córdoba e nosso caixa apresentava um saldo ridículo: uma moeda de 5 pesos, ou seja, nada! Pernoitamos no Esquadrão de Cavalaria e pela manhã tomamos o café da manhã juntos com a soldadesca. Em seguida, saímos a procura de nosso amigo Estevan Vallor, conhecido em Cabo Frio e que havia, com a família, se hospedado em minha casa. Muito embora a sua idosa mãe não nos conhecesse, a recepção foi agradável. O nosso amigo chegou logo depois com milhares de indagações sobre o Brasil e particularmente sobre Cabo Frio. O Estevan era professor de inglês numa faculdade. Ao saber que trouxéramos instrumentos musicais, de imediato nos  colocou em seu carro e nos levou a casa de um colega,  professor, onde passamos  o dia.
 Já anoitecendo voltamos à sua casa. Pela primeira vez armamos a barraca, assim mesmo de modo precário: O Carlão esquecera as ferragens de fixação da barraca. Isso foi o que pareceu. (Em Cabo Frio viu que os ferros estavam no fundo da mochila). De banho tomado, saímos com a família para conhecer a cidade.
                                                                          Continua...


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