domingo, 2 de junho de 2013

DO MORRO DA GUIA...

12 - ARGENTINA

Minutos depois de carimbar os passaportes, estávamos do outro lado. Outra vez pusemos em dia os documentos e mal descemos as escadas da Aduana, subimos numa picape que nos deixou a 15 km adiante, numa bifurcação. Dali tentaríamos chegar à capital portenha; faltavam exatos 1.330 km.  A sorte nos acompanhava. Caminhamos uns 3 km e uma caminhonete nos ofereceu carona. Eram 12:30h. Viajamos na carroceria por uns bons quilômetros, passando por diversas cidades do nordeste argentino: Clorinda, Formosa, Resistência, Reconquista, chegando em Santa Fé após percorrer 848 km. Nesse ponto, o dono do carro foi para um hotel e nós em direção a uma praça, onde dormimos num coreto. Lá coloquei em dia as anotações do Diário.
Amanhecia. Abraçamos o Itapuy e lhe desejamos sorte; seu rumo era Córdoba. Um bom rapaz, educado e muito gentil. O seu sobrenome explicava: Menna Barreto. De longe o avistamos –esguio e com cabelos escorridos- subir num lotação, falar algo no ouvido do condutor e este, assentir com a cabeça. Sabíamos o que havia falado.
No Automóvel Club Argentino, enquanto aguardávamos o dono da picape, o Lauro e Carlos ganharam um litro de leite num caminhão que fazia entrega do produto. Eram 06:00h e o dono do carro chegou e nos aboletamos na cabine pois o seu companheiro havia ficado na cidade. Fomos narrando a nossa viagem para o motorista que era advogado e mais adiante paramos para, a seu convite, lanchar. Chegando em Rosário, grande centro industria, fizemos outra parada para o almoço. Continuamos, direto, até à 17:00h quando alcançamos a capital da Argentina. Lá se foi outra etapa. Esta havia sido a mais longa carona: 1.330 km,  em 29 horas.
Na periferia da cidade, tomamos o metrô (a primeira vez, na vida, que andamos de metrô...) e depois um trem comum e chegamos no bairro de Longchamps. Localizamos o endereço de Betina, uma antiga namorada que estivera em Cabo Frio, e se hospedara em minha casa. Chovia e fazia um pouco de frio. No bar vizinho conhecemos uns rapazes que, empolgados com a nossa aventura, patrocinaram unas copas de viño. Voltamos à casa de Betina: a melhor receptividade. Batemos um longo papo aquecido com mais viño e lanchamos. Pareceu-nos que seus pais estavam acostumados com mochileiros pois nos receberam com muito carinho.
5ª Feira, 03/10. Continua chovendo. Após o café, saímos para comprar alguns artigos de camping para neve. Explicando: Lauro e eu trouxéramos algum dinheiro escondido no fundo da mochila, especificamente para comprar sacos de dormir que seriam úteis na Cordilheira dos Andes. Durante o almoço vimos um programa de TV, Canal 7, intitulado “Se lo sabe, cante”, frequentado por jovens. Os vencedores seriam eleitos pela plateia e o prêmio, uma importância de 10.000 pesos (NCr$-100,00) aproximadamente, mais 10 litros de vinho e medalhas; uma agravante: seria para o dia seguinte. “Então é pra já”, pegamos os instrumentos e começamos o ensaio.



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