DO MORRO DA GUIA...
12 - ARGENTINA
Minutos depois de carimbar os passaportes, estávamos do outro
lado. Outra vez pusemos em dia os documentos e mal descemos as escadas da
Aduana, subimos numa picape que nos deixou a 15 km adiante, numa bifurcação.
Dali tentaríamos chegar à capital portenha; faltavam exatos 1.330 km. A sorte nos acompanhava. Caminhamos uns 3 km
e uma caminhonete nos ofereceu carona. Eram 12:30h. Viajamos na carroceria por
uns bons quilômetros, passando por diversas cidades do nordeste argentino:
Clorinda, Formosa, Resistência, Reconquista, chegando em Santa Fé após percorrer
848 km. Nesse ponto, o dono do carro foi para um hotel e nós em direção a uma
praça, onde dormimos num coreto. Lá coloquei em dia as anotações do Diário.
Amanhecia. Abraçamos o Itapuy e lhe desejamos sorte; seu rumo
era Córdoba. Um bom rapaz, educado e muito gentil. O seu sobrenome explicava:
Menna Barreto. De longe o avistamos –esguio e com cabelos escorridos- subir num
lotação, falar algo no ouvido do condutor e este, assentir com a cabeça.
Sabíamos o que havia falado.
No Automóvel Club Argentino, enquanto aguardávamos o dono da
picape, o Lauro e Carlos ganharam um litro de leite num caminhão que fazia
entrega do produto. Eram 06:00h e o dono do carro chegou e nos aboletamos na
cabine pois o seu companheiro havia ficado na cidade. Fomos narrando a nossa
viagem para o motorista que era advogado e mais adiante paramos para, a seu
convite, lanchar. Chegando em Rosário, grande centro industria, fizemos outra
parada para o almoço. Continuamos, direto, até à 17:00h quando alcançamos a
capital da Argentina. Lá se foi outra etapa. Esta havia sido a mais longa
carona: 1.330 km, em 29 horas.
Na periferia da cidade, tomamos o metrô (a primeira vez, na
vida, que andamos de metrô...) e depois um trem comum e chegamos no bairro de
Longchamps. Localizamos o endereço de Betina, uma antiga namorada que estivera
em Cabo Frio, e se hospedara em minha casa. Chovia e fazia um pouco de frio. No
bar vizinho conhecemos uns rapazes que, empolgados com a nossa aventura,
patrocinaram unas copas de viño. Voltamos
à casa de Betina: a melhor receptividade. Batemos um longo papo aquecido com
mais viño e lanchamos. Pareceu-nos
que seus pais estavam acostumados com mochileiros pois nos receberam com muito
carinho.
5ª Feira, 03/10. Continua chovendo. Após o café, saímos para
comprar alguns artigos de camping para neve. Explicando: Lauro e eu trouxéramos
algum dinheiro escondido no fundo da mochila, especificamente para comprar
sacos de dormir que seriam úteis na Cordilheira dos Andes. Durante o almoço
vimos um programa de TV, Canal 7, intitulado “Se lo sabe, cante”, frequentado
por jovens. Os vencedores seriam eleitos pela plateia e o prêmio, uma
importância de 10.000 pesos (NCr$-100,00) aproximadamente, mais 10 litros de
vinho e medalhas; uma agravante: seria para o dia seguinte. “Então é pra já”, pegamos
os instrumentos e começamos o ensaio.
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