quinta-feira, 23 de maio de 2013

DO MORRO DA GUIA AOS ANDES... DE CARONA -- 
A PARTIDA                                                                            -02-

10 de setembro de 1968. 15:00h. Fomos para a Cia. Salinas Perynas tentar um caminhão que nos levasse até o Sul do país, precisamente Curitiba, a nossa meta inicial. Nada. Pernoitamos em um abrigo de ônibus. Dia seguinte, cedinho, um FNM aceitou nos dar carona até o Rio de Janeiro.  Aceitamos de pronto já que a ansiedade em iniciar as andanças era grande. No Rio, inauguramos o Livro de Viagem com a assinatura do Mário, o motorista do FNM. Em seguida fomos em direção à Avenida Brasil e prosseguimos incansáveis (!) até a Presidente Dutra.  Caminhamos cerca de 25 quilômetros, o que atestava a nossa disposição. Dormimos numa obra de reforma de um motel depois de um lauto lanche: uma lata de salsichas e algumas laranjas, sobra do lanche da manhã. O café da manhã foi cortesia.
Três caronas, dois caminhões e um automóvel,  nos levaram até São Paulo. Dividimos 2 PFs  e não deu briga. Bom sinal.  A seguir atravessamos a cidade  num fusca  cujo motorista -Renato- era curitibano e,  entusiasmado com a conversa, nos levou ao início da BR 116, rumo ao Paraná.
Mochilas no acostamento e polegares no gesto de carona, parou um outro fusquinha conduzido por um homenzarrão com cara de aborrecido. Ao entrar no carro notamos a expressão de pitt-bull.  “Boa tarde!”. “Boa tarde!”.  Após alguns minutos puxamos conversa e ele se soltou. Tinha a voz fina, incompatível com o seu porte físico. E com o transcorrer da viagem, vimos que a pose de homem era só... pose.  
Descemos próximo a uma Patrulha Rodoviária e pedimos que carimbassem o nosso Livro. Logo ao sair da Patrulha encostou um caminhão vazio. Mostramos o Livro carimbado e assinado pelos policiais, e lá fomos nós. Ao anoitecer, nos acomodamos sob o encerado e a viagem seguiu tranquila enquanto cantávamos ou contávamos velhas piadas. Era alta madrugada  quando chegamos em Curitiba.  Cumprida a nossa meta inicial sob um frio de rachar. Esperamos o dia clarear e saímos a procura de Luis Francisco Vieira (Tachico) um cabo-friense que cursava  faculdade na capital. Após os abraços e um breve papo caímos na cama. Ficamos hospedados em sua república e as refeições eram feitas no refeitório da Universidade. Cortesia.
Era o terceiro dia da viagem -13/09- e dali em diante, como havia pouco trânsito nas estradas procuramos apoio na Prefeitura;  também visitamos o jornal “Tribuna do Paraná” que publicou   reportagem sobre a nossa aventura. A manhã seguinte surgiu cinzenta e chuvosa o que nos prendeu sob os edredons, até tarde. A proprietária do prédio –Sra. Lourdes- fez um bolo e alguns salgados para “comemoração” do aniversário de  Carlão que aceitou com ar feliz e comovido. A festa esticou até as cinco da matina. À noite visitamos um clube e  nos recolhemos cedo pois dia seguinte daríamos uma guinada rumo  ao  Oeste, onde conheceríamos  as Cataratas do Iguaçu em Foz do Iguaçu e o Salto das Sete Quedas, em Guaíra, fronteira com Mato Grosso.

                                                                                      Continua...



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