sexta-feira, 31 de maio de 2013

DO MORRO DA GUIA À... --

06 – SALTO DAS  SETE QUEDAS
O dia amanheceu bonito e convidativo. Fizemos os preparativos e partimos em direção ao rio. Eram 09 horas. A estrada seguia lado a lado ao rio e a vegetação que a margeava era de um verde intenso. Vez em quando surgiam imensos bambuais. Caminhamos mais ou menos 04 km até chegar ao Parque Nacional e lá vimos todas as quedas possíveis, atravessando velhas pontes pênseis, de madeira, à procura de bons ângulos para fotos. Porém, para alcançar o salto denominado Grupo 14, o mais bonito, existia só uma maneira: por balsa, numa viagem excessivamente longa e vagarosa. A outra alternativa seria por ponte, mas em função de uma enchente em época remota, agora restavam só os cabos de aço que serviam de sustentação. Vimos o Grupo 14 de longe. A travessia era inviável. Mesmo?
Retornamos à Administração e um dos funcionários se ofereceu para guiar-nos por caminhos diferentes, fora da rota turística. Chamava-se Hermes. Depois de providenciar cordas e roldanas, recomeçamos a marcha pelo matagal a dentro. Chegamos a um abismo onde, outrora, existira uma ponte. Agora, só  cabos de aço e uma velha caixa de madeira usada para transporte de materiais de manutenção. Essa caixa, de 2.00 x 0,80m, deslizava  pendurada por 4 roldanas sustentadas nos ditos cabos de aço;  entramos, nós três, enquanto o Hermes se equilibrava sobre os cabos e empurrava a caixa.  A altura do abismo era de uns 50m aproximadamente e a largura tinha cerca de 80m. A adrenalina a mil.  Medo? Sem dúvida.
Do outro lado do desfiladeiro caminhamos sobre restos de corda e madeira e um emaranhado de cipós, vestígios da antiga enchente. Adiante, como por encanto, surgiu outro abismo mais assustador que o anterior. No local, esticado de uma a outra margem apenas um único cabo de aço. Ali, o Hermes instalou a roldana e passou uma corda, fazendo uma laçada, tipo balanço de criança. Um a um passamos todos: sentados no laço, seguro por uma das mãos e com a outra “puxando” o cabo, provocando o deslocamento do próprio corpo. E assim, como um pêndulo, seguíamos pendurados na simples roldana até a outra borda.
Vencido o desfiladeiro, prosseguimos sobre pedras, mato e pequenos charcos. Então, 3 ou 4 km depois, reencontramos o rio, apressado e incansável, e o seguimos ombro a ombro. Mais adiante, surgiu um enorme e vertical paredão de basalto. O guia parecia um cabrito montanhês e nós, pobres praianos, procurando seguir-lhe. Lembro-me que em dado momento fiquei paralisado, grudado ao paredão de 90º e pensei em desistir. Mas como? Olhando para baixo vi, a uns 20m, o rio que passava ligeiro e feroz. “O que estou fazendo aqui...?”, pensava  nisso quando o Hermes deu-me a mão e ergueu-me, na raça; eu próprio não poderia ajudar em nada. -

                                                                                                                      Continua...

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