DO MORRO DA GUIA À... --
06 – SALTO DAS SETE QUEDAS
O dia amanheceu bonito e convidativo. Fizemos os preparativos
e partimos em direção ao rio. Eram 09 horas. A estrada seguia lado a lado ao
rio e a vegetação que a margeava era de um verde intenso. Vez em quando surgiam
imensos bambuais. Caminhamos mais ou menos 04 km até chegar ao Parque Nacional
e lá vimos todas as quedas possíveis, atravessando velhas pontes pênseis, de
madeira, à procura de bons ângulos para fotos. Porém, para alcançar o salto
denominado Grupo 14, o mais bonito, existia só uma maneira: por balsa, numa
viagem excessivamente longa e vagarosa. A outra alternativa seria por ponte,
mas em função de uma enchente em época remota, agora restavam só os cabos de
aço que serviam de sustentação. Vimos o Grupo 14 de longe. A travessia era
inviável. Mesmo?
Retornamos à Administração e um dos funcionários se ofereceu
para guiar-nos por caminhos diferentes, fora da rota turística. Chamava-se
Hermes. Depois de providenciar cordas e roldanas, recomeçamos a marcha pelo
matagal a dentro. Chegamos a um abismo onde, outrora, existira uma ponte. Agora,
só cabos de aço e uma velha caixa de madeira usada para transporte de
materiais de manutenção. Essa caixa, de 2.00 x 0,80m, deslizava pendurada por 4 roldanas sustentadas nos ditos
cabos de aço; entramos, nós três, enquanto
o Hermes se equilibrava sobre os cabos e empurrava a caixa. A altura do abismo era de uns 50m
aproximadamente e a largura tinha cerca de 80m. A adrenalina a mil. Medo? Sem dúvida.
Do outro lado do desfiladeiro caminhamos sobre restos de
corda e madeira e um emaranhado de cipós, vestígios da antiga enchente. Adiante,
como por encanto, surgiu outro abismo mais assustador que o anterior. No local,
esticado de uma a outra margem apenas um único cabo de aço. Ali, o Hermes
instalou a roldana e passou uma corda, fazendo uma laçada, tipo balanço de
criança. Um a um passamos todos: sentados no laço, seguro por uma das mãos e
com a outra “puxando” o cabo, provocando o deslocamento do próprio corpo. E
assim, como um pêndulo, seguíamos pendurados na simples roldana até a outra
borda.
Vencido o desfiladeiro, prosseguimos sobre pedras, mato e
pequenos charcos. Então, 3 ou 4 km depois, reencontramos o rio, apressado e
incansável, e o seguimos ombro a ombro. Mais adiante, surgiu um enorme e
vertical paredão de basalto. O guia parecia um cabrito montanhês e nós, pobres
praianos, procurando seguir-lhe. Lembro-me que em dado momento fiquei
paralisado, grudado ao paredão de 90º e pensei em desistir. Mas como? Olhando
para baixo vi, a uns 20m, o rio que passava ligeiro e feroz. “O que estou
fazendo aqui...?”, pensava nisso quando o Hermes deu-me a mão e ergueu-me, na
raça; eu próprio não poderia ajudar em nada. -
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário