DO MORRO DA GUIA AOS ANDES... DE CARONA --
A PARTIDA -02-
A PARTIDA -02-
10 de setembro de 1968. 15:00h. Fomos para a Cia. Salinas Perynas tentar um caminhão que nos levasse até o Sul do país, precisamente Curitiba, a nossa meta inicial. Nada. Pernoitamos em um abrigo de ônibus. Dia seguinte, cedinho, um FNM aceitou nos dar carona até o Rio de Janeiro. Aceitamos de pronto já que a ansiedade em iniciar as andanças era grande. No Rio, inauguramos o Livro de Viagem com a assinatura do Mário, o motorista do FNM. Em seguida fomos em direção à Avenida Brasil e prosseguimos incansáveis (!) até a Presidente Dutra. Caminhamos cerca de 25 quilômetros, o que atestava a nossa disposição. Dormimos numa obra de reforma de um motel depois de um lauto lanche: uma lata de salsichas e algumas laranjas, sobra do lanche da manhã. O café da manhã foi cortesia.
Três caronas, dois caminhões e um automóvel, nos levaram até São Paulo. Dividimos 2
PFs e não deu briga. Bom sinal. A seguir atravessamos a cidade num fusca
cujo motorista -Renato- era curitibano e, entusiasmado com a conversa, nos levou ao
início da BR 116, rumo ao Paraná.
Mochilas no acostamento e polegares no gesto de carona, parou
um outro fusquinha conduzido por um homenzarrão com cara de aborrecido. Ao
entrar no carro notamos a expressão de pitt-bull. “Boa tarde!”. “Boa tarde!”. Após alguns minutos puxamos conversa e ele se
soltou. Tinha a voz fina, incompatível com o seu porte físico. E com o
transcorrer da viagem, vimos que a pose de homem era só... pose.
Descemos próximo a uma Patrulha Rodoviária e pedimos que
carimbassem o nosso Livro. Logo ao sair da Patrulha encostou um caminhão vazio.
Mostramos o Livro carimbado e assinado pelos policiais, e lá fomos nós. Ao
anoitecer, nos acomodamos sob o encerado e a viagem seguiu tranquila enquanto
cantávamos ou contávamos velhas piadas. Era alta madrugada quando chegamos em Curitiba. Cumprida a nossa meta inicial sob um frio de rachar.
Esperamos o dia clarear e saímos a procura de Luis Francisco Vieira (Tachico) um
cabo-friense que cursava faculdade na
capital. Após os abraços e um breve papo caímos na cama. Ficamos hospedados em
sua república e as refeições eram feitas no refeitório da Universidade.
Cortesia.
Era o terceiro dia da viagem -13/09- e dali em diante, como havia
pouco trânsito nas estradas procuramos apoio na Prefeitura; também visitamos o jornal “Tribuna do Paraná”
que publicou reportagem sobre a nossa
aventura. A manhã seguinte surgiu cinzenta e chuvosa o que nos prendeu sob os
edredons, até tarde. A proprietária do prédio –Sra. Lourdes- fez um bolo e
alguns salgados para “comemoração” do aniversário de Carlão que aceitou com ar feliz e comovido. A
festa esticou até as cinco da matina. À noite visitamos um clube e nos recolhemos cedo pois dia seguinte daríamos
uma guinada rumo ao Oeste, onde conheceríamos as Cataratas do Iguaçu em Foz do Iguaçu e o
Salto das Sete Quedas, em Guaíra, fronteira com Mato Grosso.
Continua...
MUITO BOM!
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