DO MORRO DA GUIA...
09 – PARAGUAI
Ainda bem que estávamos saudáveis, pois ao chegar de
madrugada na capital paraguaia, o motorista nos pediu para ajudar no
descarregamento. Quando terminamos, o “muchacho” nos levou a um lupanar onde
tomamos uma rodada de cervejas. Eram 2:00 da manhã. As meninas de vida difícil
se aproximavam perguntando “...donde vieram...? ...para onde van...?” Mochilas às costas, partimos em busca de um
canto tranquilo para dormir um pouco, não sem antes pegar o registro do motorista em nosso Livro de
Bordo, um expressivo cartão de visitas.
Num banco de praça
fomos acordados com um “Encantado... Yo
soy hippy y...”. de um rapazola
argentino. Eram quase 3:00h. Argumentando cansaço adormecemos novamente,
enquanto o jovem ficava de vigia. Um bom garoto. Mais tarde, às 6:00h nos
despertou pois a sua turma da qual se desgarrara, ia chegando. Duas meninas e outro rapaz . Uma
das meninas, chilena, era conhecida do Lauro e foi um encontro festivo. Todos
os quatro caracterizados como hippies.
Depois das despedidas saímos à procura da sede da ACM (Associação Cristã de
Moços) que em espanhol chama-se Associación Cristiana de Jóvenes.
Quando a ACJ abriu as portas fomos os primeiros a entrar.
Identificados, tomamos uma boa ducha e trocamos de roupa. Agora, sim, estávamos
em condições de conversar com a direção
do órgão. Uma conversa amigável mas o problema de primeira ordem persistia: a
alimentação, já que a ACJ não possuía cantina. Poderíamos pernoitar o tempo que
fosse necessário. A refeição desse primeiro dia foi patrocinado por um dos
dirigentes. À tarde, contatamos um jornal identificado com as causas da
juventude e demos uma entrevista, com fotos, a ser publicada semana seguinte.
No outro dia e os posteriores, percorremos residências a
procura de trabalho em troca de comida. Sem sucesso. Os estômagos já davam
sinal de vida quando uma menina assim, como diria, não muito magra, associada
da ACJ nos trouxe uma panela com uma comida típica paraguaia. Ela estava
caidinha pelo Carlão; o Lauro e eu
fazendo uma baita torcida para o namoro firmar. ...Ali estava a garantia de
conhecer os pratos típicos, pô. O paquerado negou fogo alegando não gostar do porte físico
da candidata. Não resolveu questionar: “...boniteza não põe mesa, cara...” A
resposta era sempre “Vocês viram a
cinturinha dela...?”
Infelizmente o namoro não passou daquela caçarola.
Descobrimos uma festa de aniversário de uma patrícia, à noitinha. E tivemos uma surpresa
pois a família apenas falava português. Já absorvera os costumes locais. Onde
já se viu festa de aniversário sem uma bebidinha? Mesmo assim ficamos tipo adolescentes, dançando rock
à base de refrigerantes... paraguaios!
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário