DOCUMENTÁRIO
DO MORRO DA GUIA À CORDILHEIRA DOS ANDES... DE CARONA.
-01-
1968, um ano emblemático. Nos Estados Unidos, fanáticos haviam assassinado Martin Luther King que lutava por Igualdade. Na França, estudantes agitavam as ruas em confronto aberto com a polícia, enquanto o resto do mundo acompanhava apreensivo o desfecho das escaramuças. Aqui no Rio, em plena ditadura militar, os nossos estudantes demonstravam também a sua revolta com passeatas e embates cara a cara com a polícia. Os inúmeros sindicatos decretavam greves. O pau quebrava nas ruas naquele ano conturbado.
Não era a época ideal para um grupo de rapazes sair por aí,
de mochilas, a conhecer o mundo lá fora. Tínhamos (tínhamos?) consciência
disso. Não éramos estudantes mas apenas jovens inquietos e insatisfeitos com nossas ocupações e
impetuosos o suficiente para, duros, descobrir outros lugares e outras gentes.
O Lauro Faria e eu havíamos planejado o roteiro para um giro
pela América do Sul. Roteiro este que, de acordo com o nosso conceito de aventura, poderia ser mudado na primeira esquina. ...!
Havíamos lido “Onde the Road” de Jack Kerouac recente...
A nossa experiência em pequenas viagens mostrava que o grupo
ideal deveria ser de três pessoas. Convidamos então outro amigo: Carlos Eugênio
Terra Ruckert. Para sucesso da aventura
seria vital o perfeito entrosamento da
equipe já que com mochilas e de caronas tentaríamos chegar ao Chile
atravessando a Cordilheira dos Andes, após cruzar Paraguai e
Argentina. Ah!...sem dinheiro. Exceto míseros NCr$25,00 (cada um) para
situações de extrema emergência. Com os espíritos predispostos a enfrentar toda
e qualquer dificuldade aceitaríamos as condições que a estrada oferecesse, por
mais agressivas e estranhas que fossem.
Munidos de passaportes,
arrumadas as mochilas e uma reduzida maleta de primeiros socorros, partimos
para a estrada, o nosso elemento. De última hora resolvemos acrescentar um material insólito: tamborim,
pandeiro e um minúsculo atabaque, na verdade uma parte de um bongô. No inconsciente, o espírito beatnick.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário