quinta-feira, 23 de maio de 2013


DOCUMENTÁRIO 

DO MORRO DA GUIA  À CORDILHEIRA DOS ANDES... DE CARONA.

                                                                                                                                                         -01-

1968, um ano emblemático. Nos Estados Unidos, fanáticos haviam assassinado Martin Luther King que lutava por Igualdade. Na França, estudantes agitavam as ruas em confronto aberto com a polícia, enquanto o resto do mundo acompanhava apreensivo o desfecho das escaramuças.  Aqui no Rio, em plena ditadura militar, os nossos estudantes demonstravam também a sua revolta com  passeatas e embates cara a cara com a polícia. Os inúmeros sindicatos decretavam greves. O pau quebrava nas ruas naquele ano conturbado.
Não era a época ideal para um grupo de rapazes sair por aí, de mochilas, a conhecer o mundo lá fora. Tínhamos (tínhamos?) consciência disso. Não éramos estudantes mas apenas jovens inquietos e  insatisfeitos com nossas ocupações e impetuosos o suficiente para, duros,  descobrir outros lugares e outras gentes.
O Lauro Faria e eu havíamos planejado o roteiro para um giro pela América do Sul. Roteiro este que, de acordo com o nosso conceito de aventura,  poderia ser mudado na primeira esquina. ...! Havíamos lido “Onde the Road” de Jack Kerouac recente...
A nossa experiência em pequenas viagens mostrava que o grupo ideal deveria ser de três pessoas. Convidamos então outro amigo: Carlos Eugênio Terra Ruckert.   Para sucesso da aventura seria vital o  perfeito entrosamento da equipe já que com mochilas e de caronas tentaríamos chegar ao Chile atravessando a Cordilheira dos Andes, após cruzar  Paraguai e  Argentina. Ah!...sem dinheiro. Exceto míseros NCr$25,00 (cada um) para situações de extrema emergência. Com os espíritos predispostos a enfrentar toda e qualquer dificuldade aceitaríamos as condições que a estrada oferecesse, por mais agressivas   e estranhas que fossem.
Munidos de  passaportes, arrumadas as mochilas e uma reduzida maleta de primeiros socorros, partimos para a estrada, o nosso elemento. De última hora resolvemos acrescentar  um material insólito:  tamborim,  pandeiro e um  minúsculo  atabaque, na verdade uma parte de um bongô.  No inconsciente, o espírito beatnick.
                                         
                                                                                                                                    Continua...




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