QUANDO A LENDA É MAIS FORTE QUE O FATO, PUBLIQUE-SE A LENDA... ("O homem que matou o facínora" - John Ford - 1962). Por isso vamos aos casos da terra...
Foi num sábado à tarde, feijoada na casa do Amâncio Pé-na-Cova, na Passagem, no quintal à sombra de uma goiabeira. No panelão, uma senhora feijoada, completíssima: do focinho ao rabinho do porco; da farofa à laranja. Violão, pandeiro e faca no prato. Bolero, samba, valsa e chorinho. Trovas e poesias. Cerveja, pinga, uísque e outras coisas mais, na surdina. Imagine alguma coisa: havia.
De repente, de dentro da casa ouvimos gritos, ai, ui, segura, péra aí, Nossa Senhora! Socorro...! Alguém chegou esbaforido alegando que o Amâncio havia endoidado, pirado de vez. O homem realmente estava brabo, possuído, quebrando cadeira, prato e até a sua mulher havia levado um chega-pra-lá na orelha.
Foram necessários quatro ou cinco para imobilizá-lo, embora o homem não pesasse mais de cinqüenta quilos, magro que nem um mamoeiro. Houve questionamentos: “Birita com fumo não dá certo, não disse ? Que mané birita? Isso é coisa feita... Baixou o Caboclo, dizia outro. Só pode ser...!"
- Deixa comigo!! Gritou o Xisto Bahia Filho, primo do Telmo Mesquita que além de poeta, escritor e compositor, era sujeito destemido e, mais importante, já havia tomado umas sete coalhadas, no mínimo.
- Deixa que eu tenho experiência com essas coisas...
Dito isso adentrou a sala, agarrou o Amâncio pela cintura, suspendeu e o levou para o quarto, passando a chave. Silêncio lá dentro. Passaram-se alguns minutos, quinze ou vinte, e volta o Xisto bem calmo: “Tudo resolvido!” E pediu um samba do Cartola.
- Mas o que V. fez? perguntaram.
- No pé-do-ouvido do Amâncio, falei pro Santo que “subisse, não enchesse o saco e que se não fosse embora, ... eu ia encher o cavalo de porrada”.
O Amâncio ficou tranquilinho, no ato.
J.P.C.
MUITO BOM!!
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