À MARGEM DO RIO EUFRATES - Crônicas
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O OURIÇO E O CACHORRO DO DESERTO - Dois mascotes.
Na foto, o meu filho Kiko com o ouriço
No Acampamento Central, nas horas de folga as crianças eram livres para brincar próximo às casas, uma vez que havia pouco trânsito e era totalmente seguro. Lembrava a minha criancice quando brincava nas ruas de Cabo Frio, jogando bola de gude, futebol ou simplesmente c brincando de Soldado e Ladrão, na praça Porto Rocha. Havia liberdade e segurança.
Voltando ao Iraque: numa dessas brincadeiras, em uma área
apelidada de buracão meu filho Claudio –Kiko- então com nove anos, encontrou
perto de nosso Porta-kamp (contêiner)
um ouriço e o trouxe cuidadosamente
para casa, literalmente cheio-de-dedos, pois o bicho é lotado de espinhos, sua
defesa natural. O Espinhudo tornou-se
o mascote da família. Alimentava-se de verduras e alguns legumes e tinha
autorização para circular pelos cômodos da casa; se alguém se aproximava
tentando pegá-lo defendia-se, encolhendo-se no feitio de uma bola e com os
espinhos eriçados.
Para nossa tristeza, principalmente as crianças, durou
pouco: ao viajar durante um feriadão, deixando água e comida
disponível, o Espenhudo escalou a
parede de sua moradia e escafedeu-se deserto adentro.
O segundo mascote: Em
certa ocasião foram surgindo, aos magotes, grande quantidade de cachorros do deserto, na
verdade matilhas nômades. Eram fortes, bonitos e de bela pelagem. Lembravam
lobos, especialmente pelo temperamento rebelde.
A nossa família, chegada a animais domésticos, logo decidiu e
assim adotamos um filhote, de pelo negro e arrepiado que se desenvolvia rápido prometendo
tornar-se um animal de porte respeitável.
No entanto, a Administração da Obra, preocupada com a excessiva
quantidade de cães na Vila Residencial,
e sem disponibilidade de vacinas anti-rábicas, proibiu a criação dos animais.
Foi motivo de muita alegria em nossa casa a breve
presença de Lobo.
- Maktub. Estávamos
destinados a não ter mascotes.
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