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AS
GUERRAS
Durante o tempo em que morei no Iraque, 1979 a 1984, com um intervalo de 1 ano (1981) o país
sempre esteve em guerra. Historicamente
com o vizinho Irã; embora não possamos
esquecer as contínuas escaramuças com a
região Curda que lutava por sua
emancipação.
Essas guerras, porém, nunca nos atrapalhou. Isto com relação
ao desenvolvimento da obra e também do ponto de vista de moradia dos
brasileiros; no dia-a-dia, no ambiente escolar e no social, tudo sempre correu
normalmente. Não bastassem as Missas católicas e Cultos evangélicos aos
domingos (sextas-feiras), também na época do Carnaval nós nos divertimos com
bailes no Clube e pequenos blocos nas
ruas de nossa “vila” brasileira.
A despeito de
eventuais voos rasantes das esquadrilhas de
bombardeiros sobre a área residencial, o que nos assustava
momentaneamente pois afinal o barulho das aeronaves era ensurdecedor, a vida
seguia normal e sempre transcorreu relativamente
confortável. Mesmo porque não tínhamos
acesso nem à TV local e nem aos jornais,
obviamente falados e escritos em árabe!
É claro que nos causavam certa curiosidade quando, ao viajar
a trabalho na obra da ferrovia, lá para os lados da Síria, cruzávamos com
comboios militares. Eram grandes carretas, canhões, lançadores de mísseis, e naturalmente, centenas de soldados aboletados em caminhões. Também nas pequenas dunas que
margeavam as estradas viam-se aqui e ali ninhos de metralhadoras.
Certa vez, em passeio promovido pela escola a Bagdá, a minha filha observou um ônibus cheio de crianças exibindo fuzis e
metralhadoras. Uma cena singular que ela
jamais esqueceu.
A única vez em que sentimos na pele os efeitos da guerra foi
em 1980 ao tentar os vistos nos
passaportes para voltar, de férias, ao Brasil.
Era obrigação da empresa essa providência
mas por típica
desorganização
brasileira, nós os interessados, tivemos que nos virar e “correr atrás” das autoridades. Naquela ocasião, enfrentamos tumulto na Embaixada e também no Consulado, com muita gente querendo sair do
país ao mesmo tempo. Eram reflexos da guerra com o Irã que se
agravava.
Na segunda etapa de
nossa estada naquele país (1982/84), o controle de passaportes e de embarques no
aeroporto se normalizou.
- F I M -
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