domingo, 14 de julho de 2013

 À MARGEM DO RIO EUFRATES - Crônicas

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AS  GUERRAS

Durante o tempo em que morei no Iraque, 1979 a 1984,  com um intervalo de 1 ano (1981) o país sempre esteve em guerra.  Historicamente com o vizinho Irã;  embora não possamos esquecer as contínuas escaramuças com  a região Curda que lutava por  sua emancipação.

Essas guerras, porém, nunca nos atrapalhou. Isto com relação ao desenvolvimento da obra e também do ponto de vista de moradia dos brasileiros; no dia-a-dia, no ambiente escolar e no social, tudo sempre correu normalmente. Não bastassem as Missas católicas e Cultos evangélicos aos domingos (sextas-feiras), também na época do Carnaval nós nos divertimos com bailes no Clube e pequenos  blocos nas ruas de nossa “vila” brasileira.

A despeito de  eventuais  voos   rasantes das esquadrilhas de  
bombardeiros  sobre a área residencial, o que nos assustava momentaneamente pois afinal o barulho das aeronaves era ensurdecedor, a vida seguia normal e  sempre transcorreu relativamente confortável.  Mesmo porque não tínhamos acesso  nem à TV local e nem aos jornais, obviamente falados e escritos em árabe!

É claro que nos causavam certa curiosidade quando, ao viajar a trabalho na obra da ferrovia, lá para os lados da Síria, cruzávamos com comboios militares. Eram grandes carretas, canhões, lançadores de mísseis,  e naturalmente, centenas  de soldados aboletados  em caminhões. Também nas pequenas dunas que margeavam as estradas viam-se aqui e ali ninhos de metralhadoras.

Certa vez, em passeio promovido pela  escola a Bagdá, a minha filha observou  um ônibus cheio de crianças exibindo fuzis e metralhadoras.  Uma cena singular que ela jamais esqueceu.
A única vez em que sentimos na pele os efeitos da guerra foi em  1980 ao tentar os vistos nos passaportes para voltar, de férias, ao Brasil.  Era obrigação  da  empresa  essa  providência  mas por típica  desorganização

brasileira,  nós  os interessados, tivemos que  nos virar e “correr atrás” das autoridades.   Naquela ocasião, enfrentamos tumulto na Embaixada e também no  Consulado, com muita gente querendo sair do país ao  mesmo tempo.  Eram reflexos da guerra com o Irã que se agravava.

Na segunda etapa de nossa estada naquele país (1982/84), o controle de passaportes e de embarques no aeroporto se normalizou. 


                                               
                                              -  F I M -

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